O Contexto da Psicologia Hospitalar vivenciando a pandemia

Chegar em pleno século XXI e nos depararmos com um inimigo invisível de difícil combate. E a sua chegada mostrar que somos iguais, não existe questão social, racial, financeira e não temos diferenças quando batemos de frente com o caos. Que a vida acaba para qualquer pessoa num piscar de olhos. 

Mediante a toda essa situação nos colocamos a pensar para saber qual será o próximo passo? O que podemos fazer? Como vamos agir? Como cuidar de quem amamos? Até quando ficaremos sem respostas? Quando tudo isso vai acabar? E para nenhuma dessas perguntas existe uma resposta coerente, científica e exata. Estamos todos perdidos tentando nos encontrar em meio de uma multidão que está impossibilitada de passar o seu apoio um para o outro em forma de contato físico. E a cada dia que passa fica mais difícil suportar todas as regras impostas para a segurança de todos. 

Pequenos gestos, afetos e detalhes são excluídos de uma tão rápida. Para alguns os nervos estão à flor da pele, pela falta de entendimento de toda essa situação. 

O trabalho para maioria finalizou, a comida para muitos acabou e aí nos questionamos se tudo isso é verdade? Como pode a fome chegar tão rápido? A verdade é que a miséria chegou para alguqns acompanhada do desespero. E essas mesmas pessoas mediante a tantas situações precisam enfrentar às ruas com um inimigo a solta para conseguir o seu pão de cada dia. E na maioria das vezes voltam para suas casas levando a contaminação. 

Um vírus que chegou sem avisar, não mandou recado e  escolheu seus inquilinos por tempo determinado. Levando assim tristeza, perda, solidão, ausência, dor, lamento e sofrimento para toda população. 

À partir desse processo nos colocamos à  decidir se iremos combater na linha de frente ou lutar de alguma outra forma sem tanta exposição. E finalizar sua escolha com a opção de exercer sua função com amor, ética e humanidade. 

"Servir" ao próximo, essa é a palavra! 

Ao se colocar à disposição de servir aquele que está perdido, muitas das vezes desorientado, confuso e com o emocional abalado.

Observar atentamente seres humanos fragilizados, com medo e receio do amanhã. E no momento certo realizar o acolhimento e apoiar emocionalmente. Realizando a ponte de comunicação entre o familiar e paciente. 

Chegar ao CTI para realizar intervenções em pessoas com pouca comunicação ou até mesmo sem comunicação devido a saúde debilitada. E ao chamar aquela pessoa de volta para a vida, ter como resposta lágrimas de emoção, movimentos das mãos e aumento dos batimentos cardíacos. Tudo isso não tem preço para aquele que exerce a profissão com a alma. 

Se reinventar para todos os dias dar o seu melhor e querer fazer a diferença na vida daquele que mais precisa diminuir o sofrimento devido a internação e sente-se sozinho.  É apoiar familiares que estão de certa forma impotentes devido ao alto risco de contaminação. 

 É dar uma palavra de conforto, é sorrir com os olhos, é se emocionar com cada alta e mensagem de carinho. É celebrar a vida daqueles que venceram e chorar por aqueles que não conseguiram.

É  andar no meio do novo para fortalecer, apoiar e enfatizar a importância daqueles profissionais da saúde de todos os setores que deixaram seu lar e sua família para cuidar de outros. Mantendo o elo daquela equipe que encontra muitas dificuldades a cada passo dado. E seguem na luta diária para salvar vidas e zelar pelo próximo. 

Fortalece saber que seu trabalho faz diferença e ameniza o sofrimento de quem precisa. É confortante saber o que você representou nesse momento delicado e o que você também venceu à Covid-19. 

A verdade é que nada será como antes! E todas as intervenções realizadas para familiares, pacientes e profissionais da linha de frente foi uma experiência de vida que vou guardar em minha memória para sempre. Pois com elas eu cresci, aprendi, transformei, presenciei o suspiro da morte e senti o sopro da vida. Fazendo assim a Psicologia mostrar a sua importância na vida de tantas pessoas. E assim finalizo a minha experiência onde o mundo parou por conta da Pandemia com a frase abaixo:


“Não importa quem você é, não importa o que você fez, não importa de onde você +, você sempre pode mudar, tornar-se uma versão melhor de si mesmo.” — Madonna


“Eu olho no espelho todas as manhãs e me pergunto: Se hoje fosse o último dia da minha vida, eu iria querer fazer o que estou prestes a fazer hoje? E sempre que a resposta for não por muitos dias seguidos, sei que preciso mudar alguma coisa.” — Steve Jobs


Autor

Psicóloga Cintia Velloso 
CRP 05/61796

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